a gente só ama a Deus, gosta dele, gosta...

a era da superficialidade

um meme que viralizou bastante não faz muito tempo foi

“ a gente só ama a Deus, gosta dele, gosta dele …”

e também o clássico "ki ama?" seguido de um "amargurada", que virou resposta automática nos comentários do tiktok sempre que alguém ousa sentir demais

e não falando em forma de "cancelamento" do meme e nem querendo parecer aqueles velhos conservadores que implicam com tudo — aliás, quem sou eu pra fazer isso? apenas uma jovemzinha do século 21, infelizmente já acostumada com essa onda superficial que nos cerca…

mas vamos além do meme. esquece se ele é engraçado ou não. olha pra ele como uma frase. uma frase com peso. uma frase que diz muito sobre a nossa geração - que talvez, tenha desprendido a amar, a sentir, ou então aprendeu a achar graça disso

analisando de verdade: o que a gente diz, diz sobre a gente? o que a gente diz tem sentido? ou é apenas da boca pra fora? falar por falar

por que dizer que gostar é melhor que amar?gostar a gente gosta de qualquer coisa e depois muda de ideia. mas e amar? amar é mais profundo, mais doloroso, mais sentido. então por que é difícil querer algo mais profundo? por que preferimos o superficial?

A resposta parece óbvia — ainda que existam muitas. A gente não quer se decepcionar. Não quer se entregar por inteiro em algo que pode se esvaziar do nada. Ser artificial virou moda. O desapego tá sendo visto como algo asthetic

amar é arriscado. por isso vira piada.

e não é só sobre o amor romântico. é sobre tudo: família, amizade, espiritualidade. Demonstrar afeto virou cafona. cringe.brega. Enquanto isso, o desapego virou uma música de sofrencia nos stories

mostra o quanto desaprendemos a mergulhar. afetividade virou concessão dosada. intensidade virou exposição. amar virou ato político. se resguardar… uma performance dramática crucial

e o "só ama a Deus"? às vezes soa como proteção. como dizer: “eu sinto, mas não vou dizer.” às vezes é só medo. medo de se importar de verdade. medo de se decepcionar com tudo, até com Deus. ou talvez seja só uma forma de continuar sentindo... sem se entregar demais.

no fim, essa frase — que poderia ser só um meme, poderia ser só um comentário — é o espelho de uma era superficial.

ela reflete uma geração que ainda ama sim, mas não tem coragem de dizer.

então a gente ri. e gosta. gosta dele.

(• ﻌ - ) ¡gracias por leer hasta aquí, byee!